Preço de aquisição foi de R$ 83 milhões, 20% do faturamento bruto das lojas do Grupo Silvio Santos em 2010
A Magazine Luiza comunicou nesta segunda feira, 13, em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que adquiriu as 121 lojas da rede de varejo de eletroeletrônicos e móveis do Baú da Felicidade. Espalhadas pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, as unidades foram adquiridas por R$ 83 milhões —20% do faturamento bruto das lojas do Grupo Silvio Santos em 2010, de acordo com o informe oficial.
O acordo teria sido celebrado em memorando na última sexta-feira, 10, e deve ser assinado até o dia 30 deste mês de junho.
“A aquisição das lojas do Baú reforça a estratégia do Magazine Luiza de consolidação da sua presença nos mercados de atuação, com destaque para o fortalecimento das operações no Paraná e na região metropolitana da São Paulo”, diz o fato relevante.
Também afirma a empresa de Luiza Helena Trajano que “as lojas do Baú estão localizadas em pontos comerciais estratégicos, com foco na classe C, mesmo público-alvo das lojas do Magazine Luiza”. “Com essa aquisição, o Magazine Luiza aumenta sua área total de vendas em mais 46 mil metros quadrados, equivalentes a cerca de 11% da área de vendas atual, e parte das lojas adquiridas, principalmente no Paraná, deverão ser convertidas em lojas virtuais, reforçando também a estratégia de investimento nesse canal de vendas”.
Como a rede do Baú da Felicidade tem cerca de 3 milhões de clientes cadastrados, a Magazine Luiza pretende apresentar a esses consumidores o seu sistema de concessão de crédito Luizacred, que serve para financiamento de produtos e serviços internos.
Histórico
Silvio Santos adquiriu a Baú da Felicidade em 1957, quando firmou sociedade com o antigo dono, o amigo Manuel da Nóbrega. Antes endividada, a empresa passou a ser cada vez mais bem-sucedida sob o comando de Senor Abravanel. Por um sistema de capitalização, os clientes pagavam carnês que, ao fim de 12 meses e respectivas 12 mensalidades, poderiam ter seus valores trocados por mercadorias das lojas da rede.
Com a criação do SBT em 1981 — embora esse nome só viesse a ser utilizado pela emissora seis anos depois —, o modelo de negócio fez ainda mais sucesso, com comerciais e programas promocionais veiculados na TV. A década de 1980, marcada por instabilidade econômica e hiperinflação, tornou ainda mais exitoso o Baú da Felicidade: sem ter como poder pagar todas as 12 prestações, grande parte dos consumidores acabava sem recuperar o dinheiro, gerando lucro superlativo para a empresa.
Em 2007, o sistema de carnês começou a ser interrompido, e as lojas passaram a comercializar móveis e eletroeletrônicos de maneira convencional, como outras redes de varejo fazem. Segundo o fato relevante, “em 2010, as 121 lojas do Baú da Felicidade apresentaram receita bruta total (dados não auditados) de R$ 415 milhões, equivalente a R$ 9 mil por metro quadrado, enquanto, no mesmo período, as lojas físicas do Magazine Luiza faturaram R$ 14,2 mil por metro quadrado, 58% a mais”. Além do Grupo Silvio Santos, o Baú é controlado pela BF Utilidades Domésticas Ltda. e pela BF PAR Utilidades Domésticas Ltda.