Ser social media é muito mais do que fazer posts. Se fosse assim não
seria preciso investir nesse profissional; era só a empresa – ou quem
quer que tencione fazer negócios pela internet – deixar sua conta das
redes sociais nas mãos de um parente “heavy user” e correr para o
abraço. Bom, sabemos que não é desse jeito que a banda toca. A profissão
requer muito mais do que experiência; exige conhecimento, adquirido
através de estudo profundo, de estratégias que possibilitem maior
engajamento para o conteúdo das redes a fim de alavancar a venda dos
produtos ou serviços ofertados.
Durante a árdua tarefa de produzir o conteúdo mais certeiro, muitas
vezes o profissional se vê paralisado em uma encruzilhada tentando
decidir qual a melhor abordagem a ser adotada para turbinar os negócios
de seu cliente. Devo ou não entupir meus posts de hahstags? Enquetes são
realmente necessárias? Qual a melhor legenda para as fotos? Estas são
algumas das dúvidas que costumam torturar a cabeça dos social medias. A
fim de clarear a mente de tão importantes profissionais, a produtora de
conteúdo, especialista em redes sociais e fundadora da Like Marketing,
Rejane Toigo, oferece algumas dicas de como agir nestas situações.
Inspirada na personagem Keila Melmann, criação da atriz Ilana Kaplan, a
fundadora da Like Marketing diz o que é ou não de bom tom fazer quando o
assunto é produção de conteúdo para redes sociais. Em primeiríssimo
lugar, Rejane afirma ser de bom tom estudar aquele a quem o conteúdo se
destina. “Não basta apenas entender o usuário minimamente para atraí-lo
para o negócio, é preciso compreendê-lo em profundidade para criar uma
forte ligação com ele”, explica. O conteúdo deve ser elaborado tendo em
visa o que realmente o potencial cliente deseja. “Para isso é necessário
aprender a identificar comportamentos, conhecendo suas personas”,
destaca.
A especialista em redes sociais compara esse estudo aprofundado que o
social media precisa fazer do seguidor ao interesse que apaixonados
costumam demonstrar em relação àqueles com quem estão flertando. “É
muito desconcertante quando alguém que quer ficar contigo não está nem
aí para os seus gostos, sua história, sua vida. Demonstra ser um
interesseiro ao invés de um interessado”, diz. Conforme Rejane, o mesmo
se dá no que se refere ao social media e aos potenciais clientes. Se não
for manifestado o interesse, não será possível desenvolver uma conversa
eficaz e o negócio tende a falhar.
Enquetes com contexto
Um boa maneira de saber mais sobre potenciais clientes é através de
enquetes. Mas, de acordo com a especialista em redes sociais, não é lá
muito útil usar este artifício a esmo, sem uma finalidade específica.
Assim, fazer uma enquete sobre como a pessoa prefere a pizza – com ou
sem ketchup – na rede social de uma empresa que vende seguros certamente
não é bom tom.
“Enquetes são importantes quando estão inseridas em um contexto que visa
nortear a reflexão. Elas devem ser um meio e não um fim em si”, explica
Rejane. Ou seja, precisam servir de gancho para captar o interesse das
pessoas, que posteriormente serão apresentadas a conteúdos mais
aprofundados. Conforme a produtora de conteúdo, quando o social media
utiliza a estratégia da enquete de uma forma gratuita, isso não costuma
gerar mais que um clique.
Fotos com propósito
Fotos são importantes artifícios para tornar a mensagem mais atrativa ao
potencial cliente, contudo, usá-las de forma adequada nem sempre é
fácil. A fundadora da Like Marketing afirma que postar fotos cujo
propósito esteja dissociado de cada conteúdo apresentado não é de bom
tom.
Por exemplo, se o social media é responsável pelas redes sociais de um
médico, não adianta ele ficar colocando fotos de ursos fofos para
ilustrar posts em que divulga uma mensagem relativa ao ofício exercido
pelo cliente. “Se o objetivo da conta é posicionar melhor a empresa,
captar contratos, ter oportunidades de ganho com o negócio, não é de bom
tom que se faça nada sem propósito, nem postar uma foto”, afirma.
O poder da legenda
Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Apaixonada por
texto, Rejane discorda um pouco dessa máxima. Para ela, não é possível
pensar em uma foto sem legenda, quando o assunto é conteúdo para
internet. “Se as palavras não fossem importantes, teríamos redes sociais
funcionando somente com imagem. Mesmo no Instagram a legenda é
necessária”, diz. Segundo a produtora de conteúdo, foto e legenda são o
arroz com feijão do social media. “Não é possível dissociar uma da
outra”, afirma.
De acordo com Rejane, é preciso pensar muito bem antes de colocar a
legenda que irá acompanhar as imagens. “Elas precisam ser inteligentes e
encantadoras, a fim de proporcionar ao seguidor uma experiência
completa”, explica. Conforme a fundadora da Like Marketing, se a pessoa
deseja postar imagens de sua vida privada para agregar ao conteúdo de
sua rede profissional, por exemplo, não é nem um pouco de bom tom
colocar emojjis de coqueiros para legendar uma foto de uma praia
paradisíaca. “Uma apresentação ou uma reflexão sobre a importância de
momentos de descanso junto com a foto funcionam bem melhor nesse
sentido”, comenta
Hashtags, com parcimônia
Outro ponto de interrogação que surge na cabeça do social medial na hora
de elaborar uma estratégia de conteúdo para o cliente é o uso de
hashtags. De acordo com Rejane, não é de bom tom entupir o post de
marcadores. A fundadora da Like Marketing explica que a razão de ser das
hashtags remonta aos primórdios do Instagram quando eram usadas para
facilitar a procura por imagens. Com a expansão gigantesca da rede de
compartilhamento de fotos, essa função meio que se perdeu.
Hoje em dia, conforme a especialista em redes sociais, a função
primordial da hashtag é facilitar a identificação do conteúdo de seu
post pelo algoritmo. “Se coloco em uma publicação, a hashtag
‘neurociência”, comunico ao Instagram que aquele post trata sobre tema e
ajudo o algoritmo a distribuir o conteúdo aos seguidores que já
manifestaram interesse no assunto”, explica. Segundo Rejane, ao entupir
a postagem com uma dezena de marcadores, o social media causa o efeito
indesejado, confundindo o algoritmo a respeito do conteúdo exato daquela
mensagem, atrapalhando sua propagação.
Tudo na live comunica
Sobres lives a especialista em redes sociais ressalta a importância do
ambiente onde o comunicador se apresenta para que a mensagem transmitida
passe veracidade. “Live é vídeo, imagem, e tudo que consta nessa imagem
comunica, não apenas o teor do discurso, mas a expressão do comunicador,
a iluminação, a qualidade do áudio, e os elementos do cenário”, explica.
Não é de bom tom, por exemplo, segundo Rejane, um profissional que trata
sobre mercado financeiro fazer uma live sentado numa cadeira de praia,
com os pés na areia, usando bermuda e tomando uma cerveja gelada. Se for
fazer isto, apostará todas as fichas no inusitado, o que pode até dar
certo, mas carrega muito risco.
Lives em casa – o que é o correto a se fazer em tempos de pandemia –
precisam de alguns cuidados, principalmente no que diz respeito à
iluminação. De acordo com Rejane, é de bom tom procurar o lugar mais
adequado possível, com a melhor luz possível, para gravar seus vídeos.
“Todos nós temos um cantinho, seja em casa ou seja no escritório, que
nos ajuda a comunicar melhor aquilo que pretendemos por meio da live”,
destaca.
Muito cuidado a manifestar apoio político
Por fim, mais uma situação que costuma tirar noites de sono do social
media é quando o cliente (pessoa pública) decide manifestar apoio a um
político em suas redes sociais. Trata-se de questão pessoal, mas para
Rejane o responsável tem o dever de orientar o cliente nessas ocasiões,
deixando claro que é de bom tom apoiar uma figura do meio político
apenas em caso de afinidade de ideais. “Se eu acredito que aquela pessoa
pode realmente contribuir, tudo bem, agora, não é de bom tom fazer isso
quando fica claro que o suporte está condicionado a obtenção de alguma
vantagem”, pondera. Claro, nem sempre é fácil identificar os reais
motivos do apoio, o que torna qualquer avaliação muito complicada.
Às vezes, mesmo acreditando na honestidade e nas boas intenções do
político, com o passar do tempo ele pode se mostrar uma real decepção.
Se isso ocorre, as chances de que a imagem do cliente saia arranhada do
episódio se tornam muito grandes, o que pode levar a perda de
seguidores, por exemplo. “Nesse sentido, eu aconselho a pensar com
bastante cuidado antes de manifestar apoio político na internet”,
conclui.