Bloqueada pela Kaspersky desde março, especialistas da empresa explicam o que os levou a classificar a loja como fraudulenta
Semanas atrás, muitos consumidores foram surpreendidos com a prisão dos proprietários da loja online 123 Importados, que oferecia produtos por um preço bem abaixo do mercado. Segundo a Polícia Civil, o esquema afetou cerca de 10 mil pessoas em todo o País e causou um prejuízo estimado de pelo menos R$ 10 milhões. Como parte de seu monitoramento do cenário local de ameaças na web, a Kaspersky verifica regularmente sites enganosos que parecem oficiais, mas não são. Desde março, quando o 123 Importados foi identificado como fraudulento, a Kaspersky bloqueou o acesso de seus usuários à página da loja. De acordo com site Vírus Total, os produtos da Kaspersky foram os únicos a reconhecer o site como uma ameaça. Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky no Brasil, explica os motivos que levaram a empresa a tomar esta decisão: "Ser proativo em cibersegurança inclui proteger os nossos clientes contra fraudes online, mesmo antes que a ameaça se torne notícia. A atividade suspeita relacionada a este site levantou o sinal vermelho sobre as suas práticas do negócio, uma vez que vários indicativos observados apontavam para a fraude", explica o especialista. "Depois de identificar o site como uma farsa e ativar o seu bloqueio em todos os nossos produtos, os proprietários da loja começaram a nos ameaçar com processo jurídico, caso não recuássemos. Isso não é novidade, pois os fraudadores costumam recorrer a essas táticas para intimidar as empresas de segurança e afastá-las do caminho. No entanto, não recuamos, pois a nossa experiência e a análise investigativa provaram que estávamos certos ao tomar essas medidas para proteger os nossos clientes", completa. De acordo com Assolini, estes foram os indícios que levaram a Kaspersky a categorizar o site 123 Importados como uma ameaça aos usuários. Consumidores devem ficar atentos a estes sinais para evitar ser vítimas de golpes similares: • Observe as opções de pagamento: as compras do site 123 Importados só poderiam ser pagas via boletos bancários. Ainda que alguns usuários acreditem que este seja um recurso mais seguro, Assolini explica que é justamente oposto. Ao contrário dos cartões de crédito, os boletos não permitem o rastreamento do dinheiro e, consequentemente, o estorno aos clientes em caso de fraude. Por isso, uma dica de Assolini é que, sempre que possível, os clientes optem pelo pagamento via cartão de crédito. • Consulte o CNPJ: nos sites das Juntas Comerciais dos estados, é possível que qualquer pessoa consulte informações relevantes sobre as lojas virtuais. No caso da 123 Importados, os especialistas da Kaspersky identificaram uma inconsistência no capital social declarado no CNPJ. "A empresa declarava um capital social de R$ 1 mil. O valor era totalmente incompatível com os produtos comercializados. Isso tornava ainda mais evidente a má intenção dos vendedores", explica Assolini. • Fique de olho na reputação da loja: plataformas online para reclamação de consumidores, como Reclame Aqui ou Consumidor.gov, são uma boa referência para verificar a reputação de um e-commerce. Além deles, o Procon mantém uma lista de sites a serem evitados, os quais o consumidor pode consultar via web. Os produtos Kaspersky bloqueiam os sites desta lista desde 2015. Assolini acrescenta que, para disfarçar o golpe, os criminosos veiculavam publicidades massivas na televisão. Eles também enviavam produtos de forma aleatória para alguns clientes e faziam uma grande propaganda das entregas realizadas. "Os criminosos adquiriam esses produtos em lojas verdadeiras e repassavam aos clientes como se fossem seus. O problema é que o valor da nota fiscal não era o mesmo que o divulgado nas lojas, o que aumentou ainda mais o sinal de alerta", explica. Assolini destaca que, desde o início das apurações, a Kaspersky vinha compartilhando todas essas informações com as autoridades, de forma a contribuir com as investigações. |