Um ‘bom dia’ em português abriu a palestra da CEO da Hearsay Labs, Clara Shih, no primeiro dia de Digital Age em São Paulo. Autora do livro “The Facebook Era”, ela contou sobre como as redes sociais estão mudando a maneira como executivos e empresas agem e deu algumas das alterações que já entraram em curso.

“As pessoas nos Estados Unidos não têm mais cartão de visita”, disse Clara, ao explicar que hoje em dia não basta divulgar número de telefone, cargo e endereço, a demanda por informações aumentou. E tudo isso pode ser encontrado em um perfil no Facebook.

O nível de compartilhamento vivido atualmente transformou o relacionamento entre empresas e clientes, segundo a CEO. Informações nunca antes divulgadas pelo consumidor, “tão sonhadas” por vendedores, agora estão à distância de um clique: endereço, contatos, preferências das mais diversas, tudo está contido nas redes sociais; basta acessar o Facebook ou o Orkut para conseguir os dados. “Os relacionamentos estão se acelerando”, disse.

Empresas e redes sociais

A “era Facebook” mexeu com a visão do empreendedor, que passa a enxergar realmente o que o consumidor pensa justamente por olhar pelo seu ponto de vista. “Você precisa estar onde seu cliente está”, afirmou Clara. Ela deu exemplos de sucesso com o uso de redes sociais, como um piloto feito em parceria entre Facebook e McDonald’s nos EUA: o cliente podia fazer seu pedido através do aplicativo móvel do site.

Com outros casos, a executiva montou um esquema de cinco passos para empresas se darem bem na rede social de Mark Zuckerberg: escutar; customizar; usar as páginas do Facebook; usar os aplicativos do Facebook; e, por último, usar os jogos do Facebook – caminho escolhido pelo Google para montar sua próxima estratégia rumo às redes sociais.

“Você pode até pedir pizza pelo Facebook!”, disse Clara, contando o caso da Pizza Hut, que tem um aplicativo na rede social que permite ao cliente escolher, pedir e pagar. Além disso, uma mensagem é postada na conta do usuário e seus amigos ficam sabendo daquilo na mesma hora.

Tudo isso só se tornou possível face à mudança nos hábitos dos consumidores. Por causa da ‘social media’, as pessoas deixam de lado as maneiras convencionais de relacionamento. “O custo de contato diminui, é muito mais fácil ser amigo de alguém no Orkut ou no Facebook, ou seguir alguém no Twitter, do que mandar um e-mail ou ligar”, afirmou Clara.

Ela ainda alertou para uma possível reviravolta no Brasil. O Orkut só fazia sucesso aqui e na Índia onde, nos últimos seis meses, o Facebook cresceu vertiginosamente e arrancou o primeiro lugar em popularidade. A CEO disse que não sabe se isso acontecerá com os brasileiros, mas é um quadro que pode explicar o desespero do Google em criar outra rede social – fato que motivou as especulações sobre o possível ‘Google Me’.